O amor, quando se revela, não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela, mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse, se pudesse ouvir o olhar
E se um olhar lhe bastasse para saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala
Quem quer dizer quanto sente fica sem alma nem fala
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe o que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Sabe bem olhar pra ela, mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse, se pudesse ouvir o olhar
E se um olhar lhe bastasse para saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala
Quem quer dizer quanto sente fica sem alma nem fala
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe o que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(Fernando Pessoa)
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